No final de 2023, compramos um terreno na zona rural. Uma terreno completamente sem nada, do zero, sem agua, luz, energia. Era só um pasto.
Nós nos encantamos com o lugar, e decidimos compra-lo para para dar inicio ao nosso novo projeto de vida. Muitas coisas legais aconteceram, e eu vou contar em outro post.
Mas claramente, sempre são esperados perrengues, a gente se prepara mas acontecem coisas que a gente não imagina.
A nossa primeira tentativa de plantação
A primeira ação concreta que fizemos foi o início da nossa cerva viva agroflorestal. Foram plantadas Bananeiras e Margaridões em toda frente do terreno, sempre com mandioca e feijão de porco e feijão guandu. Estes vegetais, atuam com adubo verde, destorrroando o solo e ajuda na fixação de nitrogênio no solo.
As vacas e as formigas.
Depois de algumas semanas a primeiras folhas começaram a surgir. O Margaridão foi todo comido pelas formigas. Não sobrou nada, ou quase nada.
As bananeiras também foram atacadas pelas formigas. Mas foram as vacas, que se esbaldaram com as folhas recém brotadas das bananeiras. Além disso pisoteavam e estragaram muito nossa primeira tentativa de plantação.
Demorou, mas depois de alguns meses, finalmente descobrimos onde a cerca estava rompida e por onde as vacas entravam. Fechamos bem a cerca e o problema foi resolvido. Tanto boa parte das bananeiras, quanto alguns margaridões valentes, estão se desenvolvendo.
Hora de solicitar energia na concessionária
Bem, o terreno é em uma zona rural, mas não está tão afastado da cidade. Tem asfalto e tem rede de energia elétrica disponível. Os documentos da propriedade estão ok. Deve ser fácil solicitar energia, certo?
Errado!
Acessei o site da concessionária, fiz o chek list . Tinha todos os documentos listados no site. Entrei em contato com a concessionária. Descobri então, que precisaria de um documento da prefeitura, um tal de cartão numeração. Até o postinho para ligação eu já tinha comprado.
Depois de muito conversar e perguntar na prefeitura como conseguir tal cartão numeração. Descobri que para receber o tal cartão numeração, é preciso ter um alvará de construção. Até porque ainda não estava nos planos começar a construir nada.
E aí que a coisa complica. Na verdade o ideal é solicitar esse alvará antes de fazer qualquer coisa no terreno. Já pegar todos o modelos de documentos na prefeitua e seguir a risca, mesmo que não faça muito sentido.
Bom, já completamos 1 ano e ainda não conseguimos o tal cartão numeração, nem o alvará de construção. Já fizemos tantas coisas, levantamos tantos documentos… e nada ainda.
Essa é a parte mais desanimadora.
E a água? Vamos abrir um poço artesiano!
Bem, nesta parte até é mais fácil. Mesmo assim nossa licença para abertura do poço levou quase 1 ano para sair. Conto detalhes sobre todo o processo para abertura do Poço artensiano neste outro post.
Mas é claro que teve que ser com emoção.
Finalmente, decidimos não esperar pela energia elétrica. Iriamos utilizar gerador a gasolina para ligar a bomba do poço. Agendamos a perfuração.
A perfuração
Na primeira tentativa, o caminhão entrou, mas não conseguiu se estabilizar porque o terreno era um pouco irregular. Então, tivemos que deixar a área bem plana para receber o caminhão.
Marcamos a perfuração, o caminhão foi, conseguiu estabilizar e começou a perfuração.
Nós estávamos acompanhando a distância, cheios de ansiedade! A estimativa do estudo geofísico era de 160 metros de profundidade. Chegamos nos 160 metros e nada de água…
Aí começa a bater um nervosismo! Vemos a possibilidade nosso sonho indo embora.
Decidimos seguir a perfuração até 200 metros. E quando chegamos em 180 metros, enfim:
Agua! Água! Água! Muita água! Uma capacidade de até 12.000 litros por hora.
A instalação da bomba submersa
Bem agora, falta só comprar a bomba adequada para essa profundidade e instalar. Mas, isso também não foi simples…
Tentativa número 1
O tempo entre escolher e entregar a bomba levou uns 10 dias aproximadamente. Quando conseguimos marcar a instalação pela primeira vez. O caminhão patinou e não conseguiu entrar no terreno. Isso porquê, tinha chovido uns dias antes e a entrada era de terra e ficou bem ruim.
Tentativa número 2
Então, cimentamos toda a entrada do terreno, arrumamos a entrada para não termo mais esse tipo de problema. Quando pudemos marcar a terceira vez, o caminhão quebrou e não pode ir nos atender. ( Isso gerou um transtorno e tanto, porque tínhamos outras atividades que dependiam dessa água)
Tentativa número 3
Na terceira tentativa, eu fui para acompanhar. Quando eu cheguei, vi que o pessoal tinha passado as mangueiras que levam a água do poço para os reservatórios. Eles cavaram um buraco exatamente onde o caminhão precisava entrar. O que impossibilitaria o acesso do caminhão.
Neste dia eu quase surtei! Meus pais foram comigo e começamos a jogar terra e pedras, de tudo para tentar fechar o buraco. O sinal do celular estava péssimo e tinha muito dificuldade em falar com as pessoas envolvidas.Finalmente, eu consegui contato com o pessoal. Eles foram e conseguiram fechar o buraco em tempo, para instalar a bomba e deu tudo certo! Agora o poço já pode funcionar!
Resumo dos aprendizados até agora
Esses foram os principais perrengues que atrasaram a evolução da Nossa Quinta.
Começar do zero em um terreno rural é desafiador, mas cheio de aprendizados.
Aprendemos que:
- conseguir energia elétrica pode envolver muito mais burocracia do que imaginávamos,
- que perfurar um poço exige não só licença, mas também paciência e jogo de cintura.
- Ter paciênia! No campo, tudo leva tempo.
Cada obstáculo nos forçou a encontrar soluções criativas e a manter a calma. Afinal, só estamos no começo! E tudo vai valer a pena!
No instagram eu tenho colocado alguns vídeos e post, sobre o nosso di a dia nessa nova empreitada. Vale a pena conferir. instagram.com/karinaleao.nossa
1 comentário em “Construir em um Terreno Rural do Zero: Os Perrengues e Lições Iniciais”
Adorei o posto, muita coisa a fazer para seguir